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quinta-feira, 8 de março de 2018

Nascer mulher já é um pecado! _ (Depoimento de Kamilla Fialho em nome de todas elas)

Em 2009, na minha terra natal (Crato/CE), testemunhei uma colega de classe passar por um grande constrangimento em plena aula de Química. Ela estava sem a camisa do uniforme e o professor pediu que ela se retirasse da classe, pois o "decote" dela o estava desviando a atenção e que era impossível controlar os seus instintos animais -- pus aspas no "decote" porque a minha colega ainda nem tinha os seios desenvolvidos na época. Óbvio que eu sai junto com ela e fui conversar com o diretor da escola sobre o ocorrido. Ele garantiu que algo seria feito.

Exatamente no dia 30 de julho de 2017 (já morando em Brasília), iniciei um conflito VIRTUAL com essa mesma escola, pois a minha irmã mais nova havia sido assediada pelo mesmo professor de Química meses antes e nada havia sido feito. Lógico que a Direção já era outra e contestou os meus manifestos nas redes sociais com o argumento: "não fui informada disso antes". Me pergunto bastante curiosa, como uma líder não está a par das ocorrências graves que ocorreram na gestão anterior. Mas enfim, o foco não era criticar as falhas de comunicação dessa instituição de ensino, mas deixar alunos e pais alerta.

A história se espalhou pela pequena cidade de Crato e trouxe um retorno surpreendente! Alunos e ex alunos da escola me procuraram inbox no Facebook para relatar casos de assédio com o tal professor de Química e com outros professores da mesma escola. Fiquei chocada! A direção atordoada com o escândalo, trancou a minha irmã na sala da diretoria sob ameaça de liberá-la somente se eu, responsável pela postagem, excluísse o post do Facebook. Infelizmente, a minha irmã tem problema sério de ansiedade e já estava desesperada lá dentro, então tive que excluir. 

Conversei por telefone com a diretora da escola e ela se prontificou a resolver o caso. Se surpreendeu quando eu disse que muitos alunos me relataram mais casos de abuso dentro da instituição que ela dirige, mas a resposta dela foi ainda mais surpreendente: "tem mais professores? Pois temos que ver isso, porque tem uns que são incapazes de fazer isso!". Eu pedi para que ela não seguisse afirmando que homem algum não é capaz, pois isso iria continuar intimidando às jovens. E estas desistiriam de procurar a direção para fazer denúncias.

Abaixo tem os prints que fiz de alguns depoimentos que recebi:


Fui muito procurada para agradecimentos, para desabafos, mas fui (também) para MUITAS críticas. Não é simples se meter no universo onde eles podem tudo. Tantas mulheres e meninas sendo constrangidas nos corredores, salas e banheiros das escolas... E tudo só foi tomar um rumo depois que eu, aqui em Brasília, botei a boca no trombone.

Como a diretora da escola prometeu, está tentando resolver o caso. Já está na justiça e tudo, porém, ela cagou a missão com a frase: "Eu não tenho nada a ver com isso, mas estou resolvendo".

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