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terça-feira, 9 de junho de 2020

eu tinha 9 anos e ouvia meu tio falar: "ta quase ficando boa, hein", e pegava em meus seios


Eu não sei bem por onde começar. Acredito que você vai me entender. 
Tenho 24 anos, sou independente, já alcancei muitos objetivos dos quais eu queria. Me sinto segura do que quero fazer em minha vida na carreira profissional. Sou uma mulher batalhadora, forte, determinada. Sei que tenho potencial pra chegar onde quero. Porém acredito que os setores da vida têm que estar em harmonia pra que o desenvolvimento seja alcançado. 

As vezes não somos o que os outros pensam que somos. Um sorriso no rosto não define felicidade. Eu nunca gostei de meu corpo, desde de minha adolescência, principalmente de meus seios. Por muitos anos busquei respostas pra isso mas nunca achei nada que me explicasse o ódio que eu tenho de meu corpo. 

Tive um relacionamento de cinco anos. O último ano foi abusivo e violento. Fiz sexo sem vontade, sem prazer, fazia por fazer mas vontade não tinha. O que eu mais queria era apoio pra que eu pudesse sair daquele relacionamento, mas não tive. Pelo contrário, muitos conflitos acabaram me afastando de minha família e amigos, isso era a última coisa que eu queria, mas acabou acontecendo pelo fato de me julgarem e eu não saber o que fazer. 

A coragem de terminar veio de mim. Sozinha, terminei e fui fazer minha vida. Hoje depois de alguns anos os traumas do relacionamento ainda vivem comigo, mas o que ninguém sabe é que esses traumas, o ódio de meu corpo, a vontade que as vezes tenho de cometer suicídio e angústia, raiva e até mesmo o medo de manter relacionamento, é coisa da minha infância e adolescência. São coisas de quando eu tinha 9 anos e ouvia meu tio falar: "ta quase ficando boa, hein", e pegava em meus seios que ainda estavam se desenvolvendo. Fora às vezes que pegava na minha bunda. 

Era ter que ouvir coisas absurdas quando muitas vezes tentei falar pra minha mãe. Foi assédio de tios, primos e conhecidos de meus pais. Palavras, frases, gestos, que até hoje permanece em minha memória. Coisas que as vezes pesam e o único pensamento é de suicídio. Não é fácil ser mulher, ainda mais sendo de uma família machista. 

Hoje, mesmo independente, a cobrança em cima de mim é a de que tenho que casar. Sendo que nesse momento não é o que quero. O que eu quero ninguém dá muita importância.

Uma parte de mim que ninguém conhece é essa. Por detrás dessa mulher forte, corajosa e de um sorriso lindo, mora uma mulher que pede socorro, mas que não pode falar pelo medo de ser julgada mais uma vez.

Acho que é isso. Nunca falei sobre mim pra ninguém, por medo. 
Publique, se isso ajudar outras mulheres!

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